Nesta terça-feira, 23 de julho, completam-se 11 anos da morte de Ariano Suassuna, escritor, dramaturgo e um dos maiores símbolos da cultura nordestina. Natural de Taperoá, no Cariri paraibano, Ariano faleceu em 2014, aos 87 anos, vítima de um acidente vascular cerebral, deixando como legado uma obra profunda e apaixonada pelo sertão, pelo povo e pela alma do Brasil.
No entanto, o que deveria ser um dia de homenagens, reflexões e reverência à sua trajetória transformou-se em um retrato da negligência cultural. Nenhuma manifestação pública foi registrada por autoridades, instituições ou representantes políticos do Cariri paraibano, nem mesmo de Taperoá, sua terra natal. A ausência de qualquer gesto simbólico expôs um desconcertante vazio de memória coletiva e reconhecimento histórico.
A gestão do prefeito George, à frente da Prefeitura de Taperoá, não publicou sequer uma nota, uma imagem ou referência ao filho mais ilustre da cidade, ignorando por completo a importância que Ariano tem, e deveria continuar tendo, para a identidade do município. E mais grave: nenhuma liderança política ou cultural da região se manifestou.
Ariano Suassuna transformou Taperoá em cenário eterno de sua literatura, foi ali que ele conheceu o sertão profundo, conviveu com o povo que inspirou seus personagens e gestou a estética armorial que uniu o popular ao erudito. Ignorar sua memória é ignorar a si mesmo. É abdicar de um patrimônio imaterial que ajudaria a construir orgulho, educação e identidade para novas gerações.
O que esperar de uma gestão, e de uma região, que não é capaz de enxergar seus ícones? Se Taperoá não se reconhece em Ariano, que futuro pode construir sem raízes? Se o Cariri não valoriza quem o eternizou nas páginas da literatura nacional, que tipo de cultura pretende promover?
Enquanto isso, longe dos palanques e dos gabinetes, admiradores anônimos seguem reverenciando Ariano Suassuna com a força da memória popular, provando que, embora esquecido pelas instituições, **ele continua vivo no imaginário de um povo que, mesmo sem apoio, ainda resiste em lembrar quem realmente fez história.

Um grande gênio das artes e das letras.

A casa de Ariano em Taperoa.

Selton Mello e Matheus Nachtergaele como os protagonistas Chicó e João Grilo, obra de Ariano que ganhou o mundo pelo cinema e televisão.
CARIRI DE VERDADE.