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PINGA FOGOđŸ”„: A era das relaçÔes de fachada; Nutella pra tudo e pra todos

Vivemos tempos em que a “network” e a “polĂ­tica da boa vizinhança” se tornaram o padrĂŁo das relaçÔes humanas. Em vez de encontros francos e genuĂ­nos, vemos cada vez mais conexĂ”es embaladas em sorrisos artificiais, onde a cordialidade muitas vezes Ă© sĂł mĂĄscara. O resultado Ă© um mundo onde se aperta a mĂŁo com elegĂąncia, mas se guarda a mordida em silĂȘncio, um convĂ­vio Nutella, bonito por fora, mas vazio de raiz.

Esse modelo superficial nĂŁo se limita ao campo das amizades: invade as relaçÔes de trabalho, de negĂłcios, familiares e atĂ© amorosas. A lĂłgica da aparĂȘncia e da conveniĂȘncia substitui a sinceridade, deixando pouco espaço para vĂ­nculos verdadeiros. É como se tivĂ©ssemos aprendido a priorizar a embalagem em detrimento do conteĂșdo, reproduzindo, no cotidiano, a mesma lĂłgica que criticamos nas fake news: aquilo que parece real, mas nĂŁo Ă©.

Nessa engrenagem, o que mais se perde Ă© a essĂȘncia do humano. A vida compartilhada deveria ser um campo de apoio mĂștuo, nĂŁo de sabotagem disfarçada de cordialidade. O verdadeiro trabalho humano estĂĄ em nĂŁo levantar barreiras contra o caminho do outro, mesmo quando nĂŁo hĂĄ afinidade. Afinal, a vitĂłria de alguĂ©m, vista de pĂ©, pode se tornar tambĂ©m um aprendizado coletivo.

A sinceridade dos atos, quando brota do coração, nĂŁo precisa de palco nem de artifĂ­cio. Ela se sustenta sozinha e encontra seu lugar natural no tempo de Deus. O desafio, portanto, Ă© resistir Ă  tentação do verniz fĂĄcil das aparĂȘncias e resgatar a profundidade dos vĂ­nculos. Porque sĂł na verdade, ainda que difĂ­cil, Ă© que a humanidade avança.

Vivemos a era da Nutella social: tudo parece ter sabor, tudo parece ser bonito, tudo parece acolhedor, mas pouco alimenta a alma. Falta substùncia, falta verdade, falta presença.

O progresso que se exibe nas vitrines tecnológicas não reflete maturidade emocional nem avanço coletivo. Seguimos conectados, mas carentes; cercados de contatos, mas distantes de comunhão. E enquanto as relaçÔes se tornam espetåculo, a humanidade se esvazia do seu propósito mais sagrado: ser ponte, não palco.

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