Alvo das manifestações realizadas neste domingo (21) em diversas cidades do país, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), vem sendo aconselhado a deixar de lado temas de alto desgaste político, como a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, e concentrar os trabalhos da semana em pautas de interesse direto da população.
Movimentos de esquerda retrataram Motta como o principal articulador de matérias que beneficiam parlamentares investigados e bolsonaristas. O episódio abriu espaço para o Palácio do Planalto tentar avançar em sua agenda econômica. Segundo fontes do governo, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, deve pedir a Motta a votação ainda nesta semana do projeto que isenta do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil, considerada prioridade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no semestre legislativo.
Aliados do parlamentar reconhecem que ele “pagou o preço” por ceder às pressões do Centrão e da base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao colocar em pauta a PEC que cria proteções a deputados e senadores investigados pela Polícia Federal e, em seguida, o requerimento de urgência para a anistia dos condenados pelos atos de janeiro de 2023.
As duas votações acabaram servindo de combustível para movimentos sociais e artistas convocarem manifestantes contra o Congresso. A repercussão dos atos surpreendeu o governo, tanto pela mobilização em pouco tempo, a organização começou apenas na quinta-feira, quanto pelo público expressivo, comparável a eventos bolsonaristas.
No Planalto, a leitura é de que a força demonstrada nas ruas não representa um apoio direto ao governo Lula, mas sim à rejeição popular às medidas aprovadas pela Câmara. O fato de nenhuma autoridade governista ter participado reforçou o caráter independente das manifestações, o que foi visto com bons olhos pela equipe presidencial.










