Campina Grande e o Cariri paraibano convivem com um cenário cada vez mais preocupante: a explosão de acidentes provocados por motoristas embriagados, agravada por uma fiscalização fraca e ineficaz. De janeiro a julho deste ano, 303 vítimas de atropelamento já foram atendidas apenas no Hospital de Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande. E esse número não contempla os inúmeros casos de quedas, colisões e traumas diversos que têm relação direta com o consumo de álcool por parte dos condutores.
As ruas e rodovias da região viraram verdadeiros campos de batalha, onde motoristas “loucos” e alcoolizados colocam em risco a própria vida e a de quem tenta apenas circular com segurança. O mais alarmante: a fiscalização é praticamente nula em muitas cidades e rodovias, o que incentiva a impunidade e a reincidência.
Casos recentes ilustram a tragédia
Menina de 6 anos atropelada por motorista embriagado
Na noite da última segunda-feira (4), uma criança de apenas 6 anos foi violentamente atropelada na comunidade Vila Cabral de Santa Rosa, em Campina Grande. O condutor, um policial militar reformado, apresentava sinais de embriaguez e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Após o atropelamento, moradores revoltados depredaram o carro. O homem fugiu do local, mas foi capturado e conduzido à Central de Polícia, onde ficou detido.
Mototaxista morre após colisão com carro na contramão
Dois dias antes, no sábado (2), outro episódio chocante: um mototaxista, que trabalhava por aplicativo, foi atingido por um carro na contramão no bairro das Malvinas. Após a colisão, ele foi atropelado por outro veículo e ficou em estado gravíssimo. Faleceu na noite da segunda-feira (4), após dois dias na UTI. O motorista responsável confessou o crime, mas também se recusou a soprar o bafômetro. O segundo envolvido fugiu sem prestar socorro e continua foragido.
Números nacionais e locais assustam
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 7 mil brasileiros morrem anualmente em acidentes de trânsito relacionados ao consumo de álcool. A motocicleta é o veículo mais atingido nessas estatísticas, e o Nordeste concentra parte significativa dessas ocorrências.
Na Paraíba, as infrações por dirigir sob efeito de álcool vêm crescendo ano após ano, especialmente nas cidades do interior e nas rodovias que cortam o Cariri. Apesar disso, as ações de fiscalização não acompanham esse crescimento. Em muitos municípios, não há sequer blitz regular. A sensação é de que “cada um faz o que quer” nas estradas, sem medo de punição.
Impunidade, omissão e ausência do Estado
A recusa ao teste do bafômetro, que deveria ser agravante, ainda é utilizada como brecha legal para escapar de punições. Mesmo diante de sinais evidentes de embriaguez, como nos dois casos citados, os motoristas agem com a certeza de que não serão responsabilizados à altura do crime cometido.
A indignação da população é crescente, mas autoridades parecem não enxergar o caos diário nas ruas. As tragédias se acumulam. As famílias choram. E o Estado permanece omisso.
Hora de agir: leis mais duras e fiscalização permanente
O trânsito virou uma roleta-russa. Enquanto motoristas bêbados continuam impunes, quem sofre é o cidadão inocente, como a menina de 6 anos que hoje luta pela vida.
É urgente que o Estado reveja sua atuação. São necessárias:
- Leis mais rigorosas contra a recusa ao bafômetro.
- Aumento significativo das blitzes e fiscalizações em áreas críticas.
- Campanhas educativas permanentes que combatam a cultura de “beber e dirigir”.
A embriaguez ao volante não é acidente, é crime com nome, sobrenome e sangue inocente derramado. E o maior crime de todos é fingir que nada está acontecendo.
Até quando?