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Dos grandes trios elétricos à Carreta Transformador: a nova “alegria” dos paraibanos e pernambucanos

Antes, multidões se juntavam em arrastões animados para acompanhar os sonoros trios elétricos no Carnaval. Hoje, o que faz o povo sair de casa e lotar calçadas e acostamentos é a lenta e silenciosa passagem de uma carreta transportando um transformador de 250 toneladas. Pode não ter música, mas tem selfie, curiosidade e muita conversa fiada sobre o tamanho da “bicha”.

O equipamento chegou à Paraíba nesta terça-feira (6) e seguirá, a partir desta quarta-feira (7), pelas rodovias federais do estado, rumo a um parque eólico em Nova Palmeira. Com 114 metros de comprimento e velocidade máxima de 7 km/h, o comboio virou o novo “espetáculo popular” em tempos de serviços públicos combalidos e política de austeridade.

O comboio que virou celebridade

A viagem começou em Suape (PE), no dia 28 de abril, e cruzou a divisa com a Paraíba oito dias depois. Desde então, virou atração. Cada parada, cada cruzamento e cada entroncamento vira palco de aglomerações de curiosos, ávidos por ver de perto o gigante que anda devagar mas ocupa todo o espaço inclusive o das conversas na praça e nos grupos de WhatsApp.

A operação, que conta com escolta da PRF e apoio do DER-PB, será dividida em oito dias de percurso no estado, com pausas para manutenção, alimentação das equipes e, claro, para mais fotos da carreta que substituiu os trios elétricos nas agendas populares.

Cronograma do “arrastão” rodoviário

A PRF divulgou o cronograma da carreta-estrela:

  • Dia 1 (7/5): Caaporã a Alhandra.
  • Dia 2 (8/5): Alhandra a Santa Rita, passando por João Pessoa.
  • Dia 3 (9/5): Manutenção e descanso.
  • Dia 4 (10/5): Santa Rita a Gurinhém.
  • Dia 5 (11/5): Gurinhém a Campina Grande.
  • Dia 6 (12/5): Nova pausa.
  • Dia 7 (13/5): Campina Grande a Pocinhos.
  • Dia 8 (14/5): Pocinhos a Soledade.

A festa possível e o atraso evidente

Em meio a filas no SUS, escolas fragilizadas e promessas de cortes de gastos públicos, a carreta gigante vira evento e distração. Mas, por trás da curiosidade popular, a operação é também um lembrete incômodo de como o Brasil, em pleno século XXI, ainda depende de rodovias para realizar um transporte que os trilhos fariam com eficiência caso existissem.

Enquanto trens de carga seguem raridade e projetos ferroviários se arrastam na burocracia e no esquecimento, a Carreta Transformador ocupa os noticiários e as calçadas, transformando uma necessidade logística em espetáculo popular. Se o trio elétrico era festa, hoje a carreta é distração e, ao mesmo tempo, o retrato fiel da nossa precariedade em infraestrutura.

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