O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protagonizou, nesta segunda-feira (7), dois movimentos considerados de coragem política e respaldo popular. Além de confirmar que não vai sancionar o projeto de lei complementar aprovado pelo Congresso que aumenta de 513 para 531 o número de deputados federais, Lula também reagiu com firmeza às ameaças feitas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra países alinhados ao Brics.
A informação sobre a decisão de barrar o aumento no número de parlamentares foi confirmada pela coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, junto a quatro ministros próximos ao presidente. Desde o início da tramitação, Lula já demonstrava resistência à proposta e, mesmo diante de aconselhamentos de auxiliares que defendiam a sanção como forma de aliviar a tensão com o Legislativo, o presidente bateu o martelo e não vai endossar o projeto.
Segundo relatos, Lula agora avalia vetar a proposta — gesto que, além de político, teria forte apelo junto à opinião pública. Pesquisa Datafolha mostrou que 76% da população brasileira se posiciona contra o aumento do número de deputados. O veto, caso confirmado, representará mais um capítulo na relação tensa entre Planalto e Congresso, mas Lula estaria decidido a manter sua posição.
Dureza contra Trump
No mesmo dia, Lula também reagiu de forma direta e sem rodeios à recente ameaça feita por Donald Trump de taxar em 10% os países que se alinharem ao Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e novos integrantes.
Durante entrevista ao final da cúpula do bloco, realizada no Rio de Janeiro, o presidente brasileiro deixou claro que o tema sequer foi debatido no encontro e classificou a declaração de Trump como irresponsável.
“Na reunião do Brics, ninguém tocou nesse assunto. Ou seja, como se não tivesse ninguém falado. Não demos nenhuma importância a isso”, afirmou Lula.
Em tom ainda mais duro, completou: “Sinceramente, eu nem acho que eu deveria comentar, porque não considero uma coisa muito responsável e séria o presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos ficar ameaçando o mundo através da internet”.
As duas decisões refletem uma postura firme e corajosa de Lula em meio a um cenário de desafios políticos internos e pressões externas. Ao rejeitar o aumento de parlamentares e enfrentar diretamente um ex-presidente norte-americano, Lula reafirma protagonismo e autonomia no comando do governo e na defesa dos interesses nacionais.