O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, conversaram por telefone nesta quarta-feira (9) para tratar da carta divulgada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump. No documento, Trump faz críticas diretas ao STF e ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de anunciar a aplicação de tarifas mais altas sobre produtos brasileiros.
Durante o contato, Lula e Barroso acertaram que a reação institucional brasileira seguirá pelos canais políticos e diplomáticos. O Supremo manterá sua postura de não responder publicamente às manifestações de Trump, como já tem feito diante de outras declarações do norte-americano sobre o processo envolvendo Bolsonaro e de recentes medidas anunciadas pelos Estados Unidos, como a restrição de vistos para autoridades estrangeiras.
Auxiliares próximos ao presidente classificaram a atitude de Trump como uma “ação política” e consideraram que a inclusão da situação jurídica de Bolsonaro na carta foge dos limites aceitáveis para negociações bilaterais. A avaliação do governo brasileiro é de que essa posição representa uma tentativa de ingerência indevida sobre as instituições nacionais.
Logo após a conversa com Barroso, Lula se reuniu com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda a pasta de Indústria e Comércio. Na sequência, o presidente publicou uma nota oficial reafirmando a soberania do Brasil e garantindo que qualquer medida adotada pelos Estados Unidos será respondida conforme prevê a Lei de Reciprocidade Econômica brasileira.
“O Brasil é um país soberano, com instituições independentes, e não aceitará ser tutelado por ninguém”, declarou Lula. Ele destacou ainda que o julgamento sobre o suposto plano de golpe de Estado envolvendo Bolsonaro é competência exclusiva da Justiça brasileira e que não haverá espaço para ingerências externas ou ameaças que comprometam a independência do Judiciário e das instituições nacionais.
O governo brasileiro articula agora, por meio do Itamaraty, uma resposta formal e diplomática às tarifas comerciais e às declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, enquanto mantém a estratégia de preservar a estabilidade institucional e o respeito à soberania nacional diante de pressões internacionais.