Um mutirão de procedimentos oftalmológicos realizado na última quinta-feira (15) no Hospital de Clínicas de Campina Grande resultou em complicações graves para diversos pacientes. Casos de infecção ocular severa e até perda total da visão foram relatados por pessoas que participaram da ação, gerando forte comoção e preocupação entre familiares e a comunidade médica.
O evento, promovido por meio de uma empresa contratada, tinha como objetivo atender à demanda reprimida de cirurgias oftalmológicas na rede pública de saúde. Entretanto, denúncias de uso de medicamentos vencidos e relatos de falhas na assistência colocaram o mutirão no centro de uma crise sanitária e jurídica.
O Que Se Sabe Até Agora
A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba confirmou que, entre os insumos utilizados no mutirão, havia medicamentos fora da validade. A pasta instaurou uma apuração interna para identificar as responsabilidades e os profissionais envolvidos na ação. Em nota oficial, a Secretaria lamentou o ocorrido e garantiu assistência às vítimas.
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu uma investigação para apurar possíveis irregularidades na contratação da empresa responsável pelo mutirão e nas condições de realização dos procedimentos. O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) também acompanha o caso e poderá adotar medidas disciplinares, caso sejam constatadas infrações éticas ou técnicas por parte dos médicos participantes.
Consequências para os Pacientes
Segundo relatos de familiares e boletins médicos preliminares, pelo menos dez pacientes apresentaram sinais de infecção ocular severa nas horas seguintes aos procedimentos. Alguns precisaram de internação e tratamento intensivo, e há registros de perda total da visão em pelo menos dois casos confirmados.
Pacientes que participaram do mutirão estão sendo convocados para reavaliação médica e acompanhamento especializado. A Secretaria de Saúde anunciou que todas as despesas médicas decorrentes das complicações serão custeadas pelo Estado.
Investigações e Providências
Além da apuração interna da Secretaria de Saúde e da investigação do MPPB, a Polícia Civil também foi acionada para apurar se houve crime contra a saúde pública ou responsabilidade criminal na condução dos procedimentos.
A empresa contratada para o mutirão ainda não se manifestou publicamente. Fontes do Hospital de Clínicas informaram que a instituição cedeu o espaço, mas não participou da organização e execução das cirurgias.
O CRM-PB informou, por meio de nota, que acompanhará de perto os desdobramentos e a situação clínica dos pacientes afetados, além de avaliar a conduta dos profissionais envolvidos.
Repercussão
O caso provocou forte repercussão na Paraíba, e entidades de defesa dos direitos dos pacientes cobram transparência e rigor na apuração dos fatos. A população também questiona a segurança e a fiscalização em ações de mutirão na rede pública.
As autoridades estaduais prometeram divulgar, nos próximos dias, um relatório preliminar sobre o episódio e reforçar os critérios de controle de qualidade e segurança em futuras ações semelhantes.