O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou um pai de santo, que agora se tornou réu, por estuprar uma adolescente de 13 anos. Segundo a denúncia, a violência, que resultou em sangramento abundante na vítima, ocorreu dentro de um terreiro de religião de matriz africana, onde a jovem frequentava com a família.
A Justiça acolheu a denúncia na segunda-feira (8/9), formalizando a acusação contra o líder religioso. O caso veio à tona em 2023, quando a vítima, agora mais velha, procurou a delegacia para relatar os detalhes angustiantes dos abusos, que teriam começado por volta de 2016.
Abuso de Confiança e Ataques Recorrentes
De acordo com o MPDFT, o pai de santo aproveitou a familiaridade da adolescente com o centro religioso, que ela frequentava desde a infância acompanhada dos pais. Ele utilizou sua posição de autoridade espiritual para manipular a jovem, iniciando o aliciamento em julho de 2016, durante as férias escolares.
A vítima relatou que se sentiu desconfortável durante os atos sexuais, mas o agressor ignorou seus apelos e persistiu na violência. Após a primeira relação, a jovem ficou “extremamente confusa” e com medo, sentindo dores e percebendo um sangramento. Ao questionar o pai de santo, ele respondeu friamente que “isso é normal”, aumentando ainda mais a confusão da menina.
Silêncio e Intimidação Familiar
Após ser forçada a ter duas relações sexuais, a adolescente confidenciou os abusos à sua mãe, que tentou procurar a avó do agressor para relatar o ocorrido. Posteriormente, uma reunião foi realizada no terreiro com familiares de ambas as partes.
Durante o encontro, os familiares do pai de santo descredibilizaram a denúncia, sugerindo que a vítima também “quis”. Essa pressão e a dinâmica da comunidade religiosa intimidaram a jovem e sua mãe, que, com medo, hesitaram em buscar ajuda legal.
Perseguição e Controle
A situação se agravou após os abusos. O pai de santo passou a perseguir a adolescente na escola e a enviar mensagens de WhatsApp detalhando sua rotina, roupas e amizades. Em uma das mensagens, ele chegou a afirmar ter “olhos espalhados por Sobradinho”, intensificando o sentimento de medo e perigo na vítima.
Além disso, a esposa do agressor se aproximou da jovem, a princípio como uma amiga. No entanto, o relacionamento rapidamente se tornou uma nova forma de vigilância e manipulação, com o objetivo de manter a vítima sob controle.
Agora como réu, o pai de santo será julgado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) por crimes sexuais.