Aos 14 anos, vivi a emoção de anunciar a “hora certa” nos microfones da Rádio Correio FM de Campina Grande. Ali nascia, oficialmente, uma paixão que já vinha desde a infância e se consolidava ao longo da adolescência, sempre marcada pelo amor verdadeiro à comunicação.
Aos 18 anos, assinei minha primeira carteira de trabalho e optei pela Correio 98 de Campina Grande, em vez da Panorâmica FM. Iniciei naquela emissora pelas mãos generosas de Paulo Santos, um gentleman da comunicação e exemplo de profissional raro nesse meio.
Foram anos intensos: 16 anos no Sistema Correio de Comunicação, uma década na Campina FM, passagem pela Arapuan de João Pessoa, pela antiga Transamérica (hoje Mix FM), uma temporada no Sistema Globo de Rádio, em Recife, trabalhos na UEPB e participações em grandes eventos como o Maior São João do Mundo, Micarande, Micaroa e Recifolia. O rádio, para mim, sempre foi mais do que um trabalho, foi vocação.
No entanto, o tempo passa e a comunicação muda. Aos 52 anos, com mais de 35 anos de trajetória no rádio e na comunicação paraibana e nordestina, compreendo que é chegada a hora de virar a chave. Não porque o rádio tenha morrido, ao contrário, ele permanece essencial. Porém, a forma de fazer rádio e comunicação vem se transformando rapidamente, e quem não acompanhar essa evolução ficará para trás.
O mercado atual exige mais do que adaptação, simpatia ou arrojo qualquer: exige visão, pesquisa, profissionalismo e, principalmente, criatividade, vocação e talento. Confesso que me tornei um profissional exigente comigo mesmo e, consequentemente, com o ambiente ao redor. Infelizmente, parte do rádio tradicional perdeu a leveza e a ousadia, sufocado por pequenos interesses, vaidades baratas, medos insanos, fofocas e pelo olho gordo, esse veneno silencioso que ronda os bastidores, onde o sucesso alheio incomoda. A inveja, aliás, pouco se revela e muito se disfarça.
Permanecer nesse ambiente seria renunciar à essência que me moveu até aqui. E a força divina, generosa como é para quem se permite enxergar além, tem me mostrado outros caminhos, mais produtivos, mais saudáveis e, sem dúvida, mais desafiadores.
Sempre fui mais do que uma simples voz no rádio. Criei programas e conteúdos inteiros, concebi ideias, idealizei formatos e ajudei a construir marcas. Em praticamente todas as emissoras por onde passei, minha contribuição foi além da locução. Por isso, mesmo com a recente saída da Independente FM, onde o combinado inicial era parceria e crescimento conjunto, mas as limitações impostas frustraram o projeto, sigo grato pelo espaço. Não se pode obrigar ninguém a enxergar o mesmo norte que a gente, e respeito isso. Já entrei meio que sabendo o que viria, pela própria visão e também pelos exemplos de outros que por ali passaram.
Mas há momentos em que a coragem precisa falar mais alto. E é nesse espírito que venho apresentando o Cariri de Verdade e a CVD Web Comunicação. Um projeto ousado, moderno e, acima de tudo, independente. Nele, assumo a liberdade de conduzir, pensar, errar, acertar, produzir conteúdo e manter viva a essência que sempre me moveu, agora através das novas plataformas digitais, que moldam o presente e o futuro da comunicação.
Os resultados já mostram que estamos no caminho certo: são quase 3,7 milhões de visualizações no Instagram, números que muitos portais veteranos sequer alcançam. Isso confirma o que há muito tempo defendo: há público, há demanda, há espaço e muita estrada pela frente para quem sabe contar boas histórias.
Me inspiro em quem, como Hilton Motta, ousou investir no rádio FM quando sequer havia receptores à venda. Assim como ele, quero apostar no novo, no diferente, no que parece arriscado, mas carrega a certeza de que a comunicação se reinventa a cada geração. E, de alguma forma, também me sinto sacerdote dessa comunicação.
Com Deus no comando, com amor pelo que faço, com vontade de criar, descobrir novos talentos e oportunizar quem merece, sigo para esse novo mundo da comunicação. Porque, mais do que nunca, há sempre espaço para quem respeita a essência, sabe produzir conteúdo de qualidade e entende que comunicação se faz com propósito, e não com vaidades tolas.
Pra frente é que se anda…
JOSINALDO RAMOS










