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Antes de Ser Morto Pela Leoa Jovem Foi Ferido Pelo Abandono e Desprezo

A morte do jovem conhecido como “Vaqueirinho de Mangabeira”, atacado por uma leoa após invadir o recinto do animal no Parque Arruda Câmara, em João Pessoa, expôs não apenas uma tragédia anunciada, mas também um histórico de alertas ignorados pelo poder público.

A conselheira tutelar que acompanhava o adolescente por anos divulgou uma nota contundente, revelando episódios graves que já indicavam a urgência de intervenção estatal. Em um dos relatos, ela recorda uma situação extrema envolvendo o jovem, ainda menor de idade, que chegou a tentar entrar clandestinamente no trem de pouso de um avião no Aeroporto Castro Pinto.

A conselheira escreveu:

“Gerson, meu menino sem juízo… Quantas vezes, na sala do Conselho Tutelar, você dizia que ia pegar um avião para ir a um safári na África cuidar de leões. Você tentou… e eu agradeci a Deus quando o aeroporto avisou que você tinha cortado a cerca e entrado no trem de pouso de um avião da Gol. Dei graças a Deus porque viram pelas câmeras que havia um adolescente ali antes que uma tragédia acontecesse.”

O relato evidencia que o Estado já conhecia os riscos envolvendo o jovem, riscos psicológicos, sociais e de exposição a situações extremas. Mesmo assim, nenhuma ação efetiva conseguiu impedir o desfecho fatal.

A mesma falta de resposta havia sido apontada dias antes pelo apresentador Paulo Neto, da TV Norte, que, em 25 de novembro, exibiu reportagem alertando para a condição do rapaz. “É um jovem que precisa de ajuda psicológica. O Estado precisa tratar desse menino”, disse Neto na época. O aviso, porém, caiu no vazio.

A tragédia reacende um debate necessário, e incômodo: quando vidas vulneráveis são deixadas sem apoio, o que sobra não é justiça, é abandono.

Enquanto alguns celebram mortes como solução fácil para a violência, o caso evidencia exatamente o contrário: a omissão custa vidas e perpetua o ciclo que muitos fingem querer combater.

A morte de “Vaqueirinho” não deveria ser comemorada. Deveria ser entendida como o resultado de um sistema que falhou, de novo.

Cariri de Verdade

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